quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009
Fevereiro
quinta-feira, 4 de dezembro de 2008
quinta-feira, 23 de outubro de 2008
A nau dos insensatos
A nau dos insensatos é uma frequente alegoria na cultura ocidental: a ingénua barca carrega aqueles que representam, cada um, o ser humano, que nela navega loucamente sem saber ou se importar acerca o seu destino. Uma perturbante autocrítica, em tempos medievais.
Também, durante o Renascimento, eram lançadas ao mar barcas repletas de homens mentalmente afectados, loucos. Muitos fizeram da água e isolamento cura. Outros morreriam.
Ship of Fools é um filme de 1965. Um barco, várias almas e nenhumas, o desespero daqueles que de longe as vêem dançando no mar, como um quadro.
domingo, 12 de outubro de 2008
Estórias
Algo me fez aterrorizar com a tua presença, com o teu mundo. Como se de longe me abraçasses para sempre, prendendo-me em tua dedução, em teus braços infiéis. Parvoíce. Nunca me terás. Nunca te amarei pois nunca me permitirás ver-te lá para a frente, no tempo que ainda há-de vir. Nem sequer existe para ti, tal tempo. O que tu sabes, reduz-se à materialidade da existência, ao seu chão. Pois digo-te que o seu sentido descansa no seu pó, e na sua aprendizagem, sua limpeza. O Amor é a volúpia desse tempo futuro, um baú de desejos, aspirações, sonhos que impraticam o dia-a-dia em seu favor. A beleza do estar com alguém, sabendo-o para sempre, estando agora mas em milhares de “estares”, vivendo com esse alguém este segundo, mas absorvendo já a felicidade dos próximos. De que vale abandonar-me a um só tempo, este em que te escrevo ou tu o lês, se neste tempo posso morder e viver tantos outros?
Tu sonhas, Vladimir? És mundano e pobre. Olhas para baixo, vês o material e nele te apoias. Vives no lodo, como tantos outros, mas com a subtil diferença de que sabes o que há para cima, e o rejeitas carnalmente, preferindo a impureza de uma vida sem alma. As mulheres, Vladimir, o tabaco, os quadros, são corpos sem alma. Ela abandona quem a tenta viver num segundo, violá-la. Assim como os sonhos. Constrói-se. A alma é futura e alimenta-se de tempo, como nós. Tu não te dás tempo. Rio-me das minhas anteriores preocupações. Nunca te amarei.
sexta-feira, 3 de outubro de 2008
Andei hoje cheio de luzes.
E se acaso falo com alguém longinquo, e se , hoje nuvem do possivel, amanhã caires, chuva de real sobre a terra, não te esqueças nunca da tua divindade original de sonho meu. Sê sempre na vida aquilo que possa ser o sonho de um isolado e nunca o abrigo de um amoroso. (...) Que o teu génio seja o ser supérflua, e a tua vida a arte de olhar para ela, de seres olhada, a nunca idêntica. Não seja nunca mais nada. Hoje és apenas o perfil criado deste livro, uma hora carnalizada e separada das outras horas. Se eu tivesse a certeza de que o eras, ergueria uma religião sobre (o sonho de) amar-te.
Livro do Desassossego
terça-feira, 23 de setembro de 2008
22.09.2008

Há quebras. De vez em quando se olham as coisas ordinárias, e como ventriloquos de nós mesmos percebemos a sua presença,
sexta-feira, 5 de setembro de 2008
Viagem a Lisboa

Têm sido tempos em que cada vez mais me surpreendo com a beleza do desconhecido.
De lá retiro um pequeno diálogo que achei curiosíssimo.